The Black Ghosts é uma banda inglesa de electropop formada por Simon Lord e Theo Keating.
Metade da história a gente já conhece. Com o fim do Simian, banda inglesa que emplacou “We Are Your Friends” em 2006, James Ford e James Shaw empacotaram seus sintetizadores e foram produzir música para as massas dançantes. Com a adição do sufixo “Mobile Disco” ao nome original, criaram algumas faixas de sucesso, como “Hustler”, “I Believe”, “It’s the Beat”, e lançaram, no meio do ano passado, o álbum de Attack, Decay, Sustain, Release -, aclamado pela crítica como um dos estandartes do novo electro europeu.
Mas o que aconteceu com o resto do Simian? Engana-se quem acha que a outra parte da banda caiu no ostracismo junkie e numa desilusão regada a álcool e drogas ilegais. Simon Lord, ex-vocalista do grupo, realmente trilhou um caminho bem diferente que o de seus antigos companheiros, e não estaria mentindo quem dissesse que ele enfiou o pé nas trevas. É que em meados de 2005, ele se juntou ao músico Theo Keating e formou o Black Ghosts, um projeto de electropop que foge de longe à fórmula da maioria das bandas saídas da atual cena indie/eletrônica inglesa.
Ao invés de associações à new rave, capas de discos coloridas e títulos que remetam ao hedonismo clubber clássico, Simon preferiu evocar referências mais obscuras. Além do nome fantasmagórico, toda a estética da banda segue a etiqueta gótica - caveiras, árvores retorcidas e abuso do contraste entre o preto e o branco.
Musicalmente, os Black Ghosts soam como uma mistura de electro-pop com soft-rock, funk e soul. O grupo apareceu para o mundo após o lançamento do single de “Anyway You Choose to Give It” pela Southern Fried - selo administrado por Fatboy Slim - e é um dos nomes em ascensão na cena eletrônica londrina. A faixa é puro pop, com Simon cantando uma letra grudenta sobre bateria reta. Além da linha de baixo contagiante, ainda há espaço para guitarras e dedilhados de piano, tudo com a boa cara de um hit.
Já o último single, de “Some Way Through This”, embarca com força na levada gótica da banda, ainda que por um viés mais vendável. A faixa tem atmosfera densa, barroca, com violinos apocalípticos e vocais como se cantados ao vento em plenos pulmões.
A sonoridade do grupo atraiu as atenções de alguns dos remixers mais requisitados da cena européia. O emergente Boy-8-Bit (nome que dará muito o que falar em 2008) custurou “Anyway You Choose to Give it” com seus synths lo-fi e linhas de baixo barulhentas, enquanto o prolífico Switch deu uma retocada booty em “Face”. Nesse mesmo single, há também reinterpretações assinadas por Kissy Sellout e pelos garotos do Teenagers.
Os Black Ghosts começaram 2008 em alta. Mesmo sem ter um álbum lançado, seu nome aparece na escalação dos principais festivais do primeiro semestre como o South by Southwest e o Future Music (Austrália). Além do currículo polpudo, a mistura de referências ainda não exauridas por adolescentes fluores e pela mídia marketeira faz da banda uma das novidades mais refrescantes dos últimos tempos, ainda que fantasiada com trajes fúnebres e envolta por vapores tumulares.
